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Coleção ISPA

“O robot surrealista” é uma breve viagem pela minha obra com robots artistas, iniciada tecnologicamente em 2001 com o primeiro robot autónomo, mas com raízes no entendimento que sempre tive de que fazer arte é inovar, abrir novos caminhos, criar novas visões.
Nesse percurso, tive ajuda dos que me precederam, tanto no campo da arte, quanto no da ciência. O livro que publico enumera alguns significativos.
O surrealismo é um deles. Derivado das teses de Freud o surrealismo introduziu alguns conceitos fundamentais da arte do futuro. De que destaco o automatismo. Na verdade, ao contrário da ideia corrente da representação dos sonhos expressa por exemplo em Dali, o surrealismo anunciou o poder do automático, do generativo, em suma, da arte sem consciência, moralidade, ideologia ou intencionalidade, de que Pollock se tornou o mais importante representante, mesmo se a teoria da arte americana impôs uma outra leitura.
Nesta perspetiva, os meus robots são os maiores surrealistas.

Acresce uma outra ideia inovadora. A do Cadavre Exquis. Uma espécie de jogo em que um artista continua um desenho iniciado por outro, só vendo uma pequena parte.
Essa é igualmente uma técnica usada nalguns trabalhos dos meus robots, quando operam em cima de uma tela previamente impressa com uma imagem. Na medida em que cada robot só vê uma pequena parte da imagem e nunca o Todo, também aqui se cumpre o princípio surrealista.
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É claro que os robots não sabem o que é o surrealismo, não conhecem a História da Arte, nem isso lhes interessa. Estas pequenas máquinas cumprem um conjunto de regras simples, as quais, no entanto, geram complexidade e originalidade. Ou seja, os meus robots não fazem o que eu quero mas sim o que eles querem, com base numa espécie de código genético de base, tal como nós e todas as restantes formas de vida o fazem.
É por isso que os considero verdadeiros artistas e não meras máquinas de reprodução. E,também, os vejo como uma nova espécie emergente no planeta.

Agradecimentos ao ISPA, em particular ao seu reitor, Rui Oliveira que teve a iniciativa, assim como a todos os que ajudaram a organizar e montar a exposição.